top of page

Afinal era possível!

No meu 2º ano da faculdade (há cerca de pouco mais de 30 anos) tive o privilégio de ser aluna do Prof. Paulo Neto. No bar do velho ISSSL, onde na companhia de um café, discutiamos o que se aprendia, as expectativas do estágio do 3ºano, desviavamos a conversa para algum namorico e regressavamos com dúvidas sobre a profissão, muitas vezes, os professores juntavam-se a nós e era brilhante beber da fonte. Uma das minhas dúvidas era porque é que não trabalhávamos por conta própria, como o médico por exemplo? O Prof.Paulo Neto olhava-me com toda a sua bondade e perguntava-me como eu podia ter tal ideia e dizia " ...menina, o Estado é seu maior empregador. Tire essa ideia da cabeça!" Mas eu não tirei, não entendia porque tinha de ser assim. Se o médico podia trabalhar no centro de saúde, servindo a população " gratuitamente" e depois podia continuar a servir, dando consultas de forma independente e, sem estar ligado a uma instituição, porque é que eu/nós não podia/mos?

Quase a terminar a licenciatura, apercebi-me que na junta de freguesia onde residia, havia um gabinete jurídico, onde gratuitamente, a junta oferecia à população serviços de atendimento e consutoria nesta área. Conhecia bem a localidade e, sabia que faltava ali um gabinete social com serviços de atendimento e encaminhamento principalmente para pessoas maiores. E assim foi. Fiz o proposta, apresentei o projecto e foi aceite. Seria o meu primeiro trabalho como assistente social! Estava entusiamadíssima. Era a oportunidade de colocar em prática todos os conhecimentos que tinha aprendido na totalidade, se eu assim o quisesse. O saber, o saber ser, o saber estar e o saber fazer. E foi uma aprendizagem fantástica !

Duas vezes por semana, 8h na totalidade,

para atendimento e encaminhamento à população. Atendia e encaminhava população sénior e suas famílias, com dificuldades económicas, necessidade de preenchimento de documentos, orientação na institucionalização ou na frequência de uma resposta social, mas também alguns pais, essencialmente com dificuldades económicas e dificuldades no acompanhamento escolar dos seus filhos. Articulava-me com os vários serviços, organizações e escolas locais e grupos de voluntários de ajuda à comunidade.

Trabalhava a recibos verdes e recebia o meu vencimento mensalmente. Não era trabalhadora da junta de freguesia mas trabalhava para ela. Fazia Serviço Social autónomo, era uma profissional independente. Afinal era possível!



113 visualizações

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page