Quando ouvi a reitora do ISPA, Isabel Leal, no seu discurso de boas vindas aos novos psicólogos, referir que há 20 anos atrás, os contextos profissionais destes profissionais eram apenas 3/4 e que hoje, não tem noção do número de contextos de trabalho onde os psicólogos actuam, sei que é verdade. Sou do tempo em que a actuação do psicólogo se cingia a poucas áreas de trabalho que rapidamente ficavam lotadas e, que uma grande parte dos recém licenciados, fazia voluntariado hospitalar enquanto não entrava no mercado de trabalho. Hoje estão a trabalhar em tantos contextos,que nem o próprio ISPA os identifica. Para nós é evidentemente mote para análise. Em quantos contextos profissionais nós, assistentes sociais, trabalhamos? Muitos sim, mas nos mesmos muitos há muito tempo, há tanto tempo que são já os tradicionais. Aqueles que vimos trabalhando há anos sem inovação, mas com alteração dos conteúdos funcionais, segundo o que interessa institucionalmente. E, tantas vezes estas alterações mudam e tão abruptamente, que alguns profissionais chegam a colocar em causa não só a sua intervenção como a sua sanidade mental.
As profissões vão ao longo do tempo reconstuindo e renovando as práticas, as metodologias, os contextos em que actuam, para que também a sua representação social entre pares, entre outros profissionais e na sociedade em geral, se renove e recrie. O facto de permitirmos e aceitarmos trabalhar em contextos velhos e bolorentos, de compadrio e conluio, sem agarrarmos outras oportunidades de trabalho, leva-nos a um esvaziamento da prática, à desmotivação e ao desempoderamento profissional, cujas consequências se situam na área da sáude física e mental dos técnicos e numa nova área - intervenções desprovidas de Serviço Social, mas sobreprovidas de institucionalidade, ou seja, intervenções orientadas por pequenos poderes, vulgarmente denominados por chefias, que podem ser directas, intermédias ou altas. É só escolher!
Se os assistentes sociais não acordarem, não se apropriarem das diversas e inúmeras oportunidades de trabalho que estão aparecendo e as considerarem marginais, outros profissionais as aproveitarão contribuindo para recriar e renovar as suas profissões.
Uma das oportunidades é a possibilidade do trabalho independente, sem estar vinculado a uma instituição, como qualquer outro profissional liberal, não sendo impeditivo a conciliação das duas formas de trabalho, como vendo sendo já prática de alguns assistentes sociais, a trabalhar nas áreas do Envelhecimento, Deficiência, Formação, Assessoria, Saúde e outras.
É tempo de Acordar! Não basta apenas reclamar por melhores salários, reconhecimento, usurpação de funções... Jamais esqueçamos que somos Agentes de Mudança! Somos especialistas em trabalhar a Mudança e em trabalhar com e para a Mudança!
Porque esperamos?
Regina Lourenço
Assistente Social - Academia de Empreendedorismo em Serviço Social
Supervisão Profissional em Serviço Social na àrea do Envelhecimento e Empoderamento Profissional
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